Thursday, February 02, 2006

Sobre a saída de cena de Sharon e a vitória do Hamas nas ultimas eleições palestinianas, lembro só que este era um momento fundamental na organização do sistema político de Israel, porque Sharon tinha acabado de sair do Likud e formar um novo partido Kadima mais centrista.

Apesar da insistências dos EUA e Europa, Abbas decidiu (bem a meu ver) convocar eleições para o que me pareceu, incluir o Hammas no Governo de forma a responsabilizá-lo. Nunca pensou é que este teria uma vitória tão esmagadora. Como é que foi possível? Na minha opinião, deve-se em primeiro lugar, com muitos comentadores têm salientado, à incompetência e corrupção do Fatah partido secularista à imenso tempo no poder e a um aspecto do Hammas que é pouco salientado dos serviços sociais que presta à população, devido ao ênfase dado no estrangeiro ao seu braço armado.

Mas parece-me também que esta vitória implica não uma viragem fundamentalista no Médio-Oriente como tem sido sugerido, mas a sua vinda à superficie, possibilitada pela intervenção americana no Iraque e que começa a ser latente noutros países como o Egipto e a própria Síria. Uma questão que não é abordada correctamente é o complexo de superioridade da religião islâmica e o facto de que o mundo àrabe nunca aceitou nem aceitará Israel. É claro que este nunca fez nada (antes pelo contrário) para construir relações positivas, e a sua legitimidade também é passível de discussão, mas parece-me a mim que esta vitória é representativa de uma ideologia latente que nunca é abordada quando se discute o problema.

O Hammas já disse que no máximo aceitará tréguas (nunca negociações) se Israel retirar para as fronteiras pré-1967 e este vai certamente eleger Netaniao (ou algo assim...) que fazia Sharon parecer um moderado. Bomba-relógio?

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