Wednesday, May 31, 2006

Indulgence: New York

Tuesday, May 09, 2006

Nas ultimas semanas faleceram duas pessoas que influenciaram grandemente o meu pensamento: a jornalista e escritora Jane Jacobs e o professor de economia de Harvard Kenneth Gailbrath.

Descobri a Jane Jacobs e o seu “Death and Life of Great American Cities” no 4.º ano da faculdade na disciplina de construções pela mão do professor João Guterres. A sua leitura foi uma completa revelação e mostrou-me que arquitectura e o urbanismo eram muito mais do que uma questão de gosto, capricho e economia e não só tinham um poder transformativo, como também o potencial de influenciar positivamente a qualidade de vida das pessoas. Juntamente com as minhas viagens, ela é uma das principais razões pelo meu entusiasmo por cidades e pela experiência urbana.

Em muitos aspectos, Nova Iorque é a sua cidade. Não só estudou na Universidade de Columbia, como viveu em Greenwich Village (onde fica a White Horse Tavern da famosa fotografia a fumar um cigarro e a beber uma cerveja) e com o seu famoso activismo político enfrentou o todo-poderoso Robert Moses e conseguiu salvar a Christopher Street e Washington Square de serem arrasadas para ele poder passar mais uma das suas auto-estradas elevadas. A escala humana e diversidade de partes de Nova Iorque e de outras cidades um pouco por todo o mundo devem-se ao pensamento e activismo desta extraordinária personalidade.

De Kenneth Gailbriath li o seu famoso “The Affluent Society” de 1958 e nova edição escrita em 1996 “The Good Society” em que explica o modo como os Estados Unidos se transformaram de um País de quintas e oficinas num oligopólio de grandes corporações obcecadas com a produção de bens de consumo, e cuja necessidade de crescimento produziu toda uma cultura orientada para a expansão da procura interna e no processo transformou radicalmente o mundo em que vivemos e os nossos valores colectivos e individuais. Um aspecto que admiro especialmente na sua obra é a proposta sistemática de medidas baseadas na sua análise, contrariando a tendência académica de manutenção na “Ivory Tower”.

Não só antecipou o movimento ambientalista por uma década como chamou a atenção para a necessidade de formas de regulação sustentadas por fortes instituições colectivas de modo a guiar e compensar as deficiências e desequilíbrios produzidos pelo mercado. Principalmente foi um dos arquitectos principais dos programas da “Great Society” do Presidente Lyndon Jonhson.
Um aspecto importante na falta de eficácia do Ocidente em conter as ambições nucleares do Irão e o genocídio do Sudão é o papel que estes países desempenham como fornecedores de petróleo à China.

Como é sabido, apesar de tradicionalmente o dragão asiático ser energicamente auto-suficiente, a abertura consciente dos seus mercados ao comércio internacional pelo Partido Comunista como estratégia de manutenção no poder fez crescer exponencialmente as suas necessidades de petróleo e matérias primas. Consequentemente, desde 1993 a China tem percorrido o mundo em procura de fontes de petróleo e como a grande maioria está já tomada (principalmente pelos Estados Unidos), grande parte da sua actividade tem-se centrado em países com governos autocráticos como o Irão, Sudão, Myanmar e alguns países africanos.

O caso do Sudão é particularmente chocante porque em troca de petróleo (60% do petróleo Sudanês vai para China) o governo chinês tem financiado e fornecido as armas que têm permitido a pilhagem de Darfur, e assassinio de milhares de pessoas e até a invasão de Chad.

Neste sentido é especialemente irónico que a aquando da visita do Presidente Hu Jintao, Bush se tenha preocupado principalmente com o valor da moeda chinesa (a China é a principal financiadora do deficit desta administração) e que por exemplo a Liga Árabe e a imprensa não se pronunciem sobre a morte de pelo menos 300000 muçulmanos. Serão cartoons dinamarqueses mais ofensivos?

Monday, May 08, 2006

A recente lei aprovada no Estado de Massachussets, estabelecendo a adopção de direitos de saúde universais vem reforçar a reputação do Estado como o mais liberal (no significado americano da palavra) da América e aprofundar ainda mais a disparidade entre a América “Vermelha” e “Azul”.

Esta disparidade é especialmente latente na ideologia política dos regimes eleitos em cada Estado. Por exemplo, enquanto que Estados como Massachussets, California, Rhode Island ou Maryland têm aprovado leis legalizando o casamento homossexual, incentivando a “stem cell research”, controlo de emissões de gases poluentes e uso controlado de marijuana como tratamento médico, no outro extremo do espectro, em Estados como Idaho, Georgia ou Texas, é proibido o casamento e adopção entre casais do mesmo sexo e quase todo o tipo de abortos para além terem introduzido a teoria do “intelligent design” nos curriculos escolares.

As razões para esta disparidade são extremamente diversas e ajudam a perceber o complexo sistema político e cultural presente nos Estados Unidos. Para além das diferentes economias, geografias e histórias, um factor importante é o carácter federal do País e o papel tradicionalmente fraco atribuído ao governo central, constituído depois da maior parte dos Estados e baseado numa Constituição concebida em reacção à forte centralização do sistema britânico.

Este tradicional papel fraco que ao longo da história (embora com variações importantes) o governo federal tem desempenhado nas políticas locais, em favor do individualismo e iniciativa privada, é um aspecto fundamental da constituição da identidade americana.

Um consequência desta promoção da competição (entre estados, cidades, empresas, indivíduos) em detrimento da cooperação é a responsabilização dos “actores” que competem no “mercado” pelo seu bem-estar e a consequente desresponsabilização do estado pela providenciação do mesmo. Este aspecto é importante porque cria um sistema ideológico de auto-responsabilização que tem legitimizado ideologias neoliberais ( aumentando exponencialmente a polarização social e territorial no País, criando 25 milhões de pobres e 50 milhões de saúde sem acesso ao sistema de saúde) sem originar conflictos sociais graves.

Enquanto que na Europa culpamos o Estado pelo que de mal nos acontece, aqui o Estado culpa-nos a nós.

Saturday, May 06, 2006

1st year PhD finished :)