Sunday, February 19, 2006

As recentes eleições presidenciais no Haiti, representam mais um fracasso em termos de política externa norte-americana. O país do Voodoo de 8,5 milhões de habitantes ao pé da República Dominicana, foi o primeiro estado nas Caraíbas a conseguir a independência e também o primeiro a ter uma liderança negra. (BBC)

No entanto, desde a sua independência a violência e instabilidade têm impedido o seu desenvolvimento, tendo sido principalmente notória a liderança brutal de Francois “Papa Doc” Duvallier e o seu filho “Baby Doc”.

Em 1990, com a eleição de Jean-Bertrand Aristide, um antigo padre, surgiu a esperança de que finalmente o País conseguisse estabilizar, mas um golpe de Estado pouco depois impediu que isso acontecesse.

De acordo com a opinião dos meus colegas (tudo Democrata), o grande responsável pela instabilidade do País e principalmente pela acentuada assimetria entre a grande maioria negra que fala creoulo e a minoria mulata que fala francês que representando 1% controlam metade da riqueza do País são como não poderia deixar de ser os Estados Unidos que asseguraram-se que o poder fosse sempre controlado por líderes que servissem os seus interesses e não os graves problemas sociais.

À quem diga que eles foram não só responsáveis pelo financiamento do golpe militar que fez cair Aristide, como também pelo seu rapto. Outros dizem apenas que os U.S. nunca defenderam os governos democraticamente eleitos no País contra os golpes de Estado e as sanções económicas impostas ao País tinham como objectivo diminuir o apoio popular a estes governos.

Mais ainda, neste sentido a eleição de Préval, o Presidente eleito depois de imensa controvérsia e aliado de Aristide é uma má notícia para os Estados Unidos devido ao seu ênfase nas políticas sociais.
e que dizer deste...:)

In Mardy Gras, a City Learns to Party


Onde eu ia estar este fim-de-semana...


Não entendo porque é que dizem que Munique se afasta dos julgamentos morais. Antes pelo contrário, a mim pareceu-me que conseguia mostrar que ambos estavam errados...Principalmente gostei de ver a Europa...que vai de Lisboa a Moscovo e de Helsinquia a Jerusalém...quando tiver oportunidade vou a Beirute.

Sobre o Brokeback Mountain: a fotografia magnífica e um argumento talvez um pouco conservador tendo em conta o tema e qualidade das interpretações.
it's not what you said
it's just how you said it to me
(...)
it's not what you did
it's just how you did it to me

slam dunk contest



É verdade que o Iguadala foi roubado e devia ter ganho. Num dunk conseguiu não só que o Alen Iverson lhe passasse a bola (lol), mas saltou de trás da tabela, e afundou de costas (1º dunk). Mas mesmo assim o Nate Robison, não só por ter saltar mais que o Spud Webb, mas também por ter saltado por cima do Spud webb, e principalmente por ser ainda mais baixo que o Spud Webb tinha de ganhar.

Alguém entende estes gajos?

Tuesday, February 14, 2006

O discurso em termos de política externa do governo japonês diz tudo sobre a artificialidade do seu sistema, promovido pelos Estados Unidos contra a ameaça comunista.

Convém lembrar que as razões porque os países vizinhos se sentem ressentidos contra o Japão têm a ver com a crueldade do exército japonês na Segunda Guerra Mundial, incluindo o rapto e exploração sexual de milhares de mulheres Sul-Coreanas, experiências biológicas em cidades chinesas e massacre sádico de centenas de milhares de chineses em Nanjing.

Ao longo destes anos, os seus governos recusaram-se sempre a pedir desculpa, os seus livros de história oficiaus e que fazem parte dos programas escolares têm versões distorcidas dos factos e como é sabido, apesar dos protestos dos países vizinhos, o primeiro-ministro continua a visitar o Yasukuni Shrine, que presta homenagem a criminosos de guerra.

O ministro do negócios estrangeiros japonês, Taro Aso, veio agora dizer que o imperador devia também visitar o Yasukuni Shrine, que a prosperidade de Taiwan deve-se às políticas japonesas durante os 50 anos de ocupação e que o armamento chinês é uma ameaça para o Japão, quando foi sempre o contrário.

O que seria se a Alemanha tivesse adoptado a mesma política?
Como diz Manuel Castells, não seria possível a existência da União Europeia....
Sobre a “adaptação” do Google à China, a política de cooperação da empresa com o governo comunista tem pormenores que a mim me chocam particularmente.

Por exemplo, se antigamente, um busca produzia resultados censurados, estes eram mencionados assim como o facto de serem alvo de censura, o que significava que as pessoas, embora não pudessem aceder aos conteúdos, sabiam o que estava a ser censurado. Como o novo motor de busca chinês, os resultados censurados não aparecem.

Isto significa que se por exemplo se fizer uma busca no Google images sobre “Tiananmen Square” na china aparecem imagens de turistas a tirar fotos na praça, oficiais do exército e bandeiras da China, enquanto que se a busca for efectuada no motor normal as primeiras imagens são todas sobre os protestos de 1989.

Ou se for efectuada uma busca sobre o Dalai Lama, na China não aparece nenhuma imagem do próprio indivíduo, mas apenas imagens de oficiais chineses e até de homem a protestar sobre a visita dele a Inglaterra.

Será isto apenas reflexo do pragmatismo amreciano ou serão estes os valores (ou ausência deles) do capitalismo?
Um ponto que não tem sido explorado relativamente aos protestos islâmicos, são as razões que levaram uma associação islâmica dinamarquesa a andar pelo mundo árabe a fazer queixas e a atiçar ânimos, tendo para isso até mostrado cartoons bastante mais ofensivos dos que os que foram publicados.

Convém lembrar que o país de 5,4 milhões de habitantes, e que à apenas algumas década não tinha muçulmanos, tem actualmente uma população estimada em 200.000, o que tem originado receios relativamente à identidade dinamarquesa e a escalada da extrema-direita no país.

Para perceber como são tratados os muçulmanos na Dinamarca, basta lembrar que à 20 anos que vem sendo recusada a construção de uma mesquita em Copenhaga e pior ainda não existem cemitérios muçulmanos no país, o que significa que têm que os corpos têm de ser transportados de volta para o ser País de origem de forma a poder ter um enterro digno.
O barco que a semana passada se afundou no Egipto com 1400 passageiros a bordo é o acontecimento mais elucidativo para perceber os protestos islâmicos contra os cartoons dinamarqueses. Mais de 1000 pessoas morreram afogadas, e três dias depois 1000 pessoas continuavam à espera no hospital, tendo os seus protestos sido violentamente repudiados pela polícia.

O desastre e a extraordinária incompetência do governo Egipto em responder eficientemente representa as difíceis condições de vida em que vivem actualmente os Egípcios e outros povos muçulmanos governados por administrações incompetentes e corruptas em completa impunidade.

Os protestos representam a estratégia destes governos em arranjar bodes expiatórios para os males internos, seja o Ocidente ou Israel. Como escreve Michael Slackman no NY Times, é interessante notar que enquanto os ocidentais falam de liberdade e democracia, os povos islâmicos tendem em clamar por justiça social, porque é isso que sentem que lhes tem sido negado ao longo da história.

Neste sentido, no contexto da subida ao poder do Hamas, partido fundamentalista que ganhou as eleições por prometer melhores condições de vida aos palestinianos, os cartoons serviram de pretexto aos regimes autoritários do Médio-Oriente para silenciar os seus críticos e pintar uma imagem negativa de um Ocidente democrático cujos valores se vão tornando cada vez mais atractivos para estas populações.

È especialmente irónico que seja a Arábia Saudita a liderar os protestos, pois os Wahhabis, que dominam o país não acreditam que se deva prestar homenagem às figuras sagradas do Islão tendo inclusive proibido a celebração pública do aniversário do profeta Maomé.

È também irónico que os fundamentalistas sunitas protestem contra os cartoons quando nada fizeram quando mesquitas xiitas foram atacadas durante o Ramadão no Iraque.

Deverá a resposta do Ocidente ser mais censura, abdicando dos seus próprios valores?

Uma diferença interessante é que relativamente aos cartoons que normalmente são publicados na imprensa Árabe contra as religiões judaicas e cristãs, os seus autores acreditam de facto que os ocidentais são infiéis.

A mim parece-me que enquanto não mudar o sistema em que estes valores são produzidos, não só as populações arábes continuaram a sentir-se injustiçadas, como o ocidente continuará a ser confrontado com esta realidade. Com consequências cada vez piores.

Monday, February 13, 2006

What's next?

Começo realmente a assutar-me com esta "network society". Este veio aqui parar assim...:)
Paris iluminada. O castelo de Praga. A Piazza di Spagna em Roma. A de Sienna. A rua dos Uffizzi em Florença. Veneza. O telhado azul das igrejas em Santorini. A mesquita azul em Istanbul. A viagem de barco entre Estocolmo e Helsinquia. O templo Todai-Ji em Nara. A vista de Tóquio da torre do Jean Nouvel. A vista de Hakone para o monte Fuji. As rochas em Okinawa. O mercado do peixe de Pusan. O lago na eslóvenia. Dubrovnick. O templo de Rila na Bulgaria. Maputo visto do avião. As dunas de Natal. A igreja ortodoxa de S. Petersburgo. Central Park com neve...:)
Do colloquim com os arquitectos espanhois gostei principalmente do Mateo, do Ferrater e do Gallart, que se passa completamente!

Mas acima de tudo, fiquei a pensar o quanto ainda temos a aprender com espanha nestas coisas...É que se fosse feita uma conferência igual com 12 arquitectos portugueses, acho que a qualidade era muito superior. Mas mais uma vez, os espanhois estão muito à nossa frente...cabrones
Sobre a Zaha Hadid, eu penso que mais uma vez o Mark Wigley disse tudo na sua introdução. A única coisa que devíamos pensar ao ouvir a sua palestra era o que o seu primeiro curso era em matemática e que ela tinha “a mind as sharp as the curves of her buildings”. Depois de ouvi-la falar e ver os incríveis projectos que está a construir, não pude deixar de concordar...
Sobre os protestos contra os cartoons já foi tudo quase dito:

Os cartoons que foram publicados na Dinamarca em Setembro eram muito menos ofensivos do que os que foram mostrados.

Uma associação muçulmana dinamarquesa, em reacção ao sentimento de exclusão e xenofobia, andou pelo mundo muçulmano a protestar e angariar apoios, mostrando cartoons muito mais ofensivos e que nunca foram publicados.

A subida ao poder do Hamas e a provocação do Irão fez com que estes líderes usassem os cartoons como desculpa para organizar protestos e infiltrar fundamentalistas em manisfestações pacíficas.

Em primeiro lugar, penso que é necessário entender que o interesse destes protestos foi mostrar uma imagem distorcida do Ocidente por líderes que se começam a assustar-se com o atractivo que se vai tornando para as maiorias oprimidas destes países. Isto acontece acima de tudo porque estes regimes vivem da criação de bodes expiatórios (como suponho que acontece aqui também). Convém lembrar que à uns tempos o presidente do Irão disse que o Holocausto nunca tinha acontecido.

Por outro, penso que sabendo que é comum a imprensa muçulmana publicar cartoons a gozar com a religião cristão e judaica, não há discussão possível sobre liberdades e direitos. E já agora, a partir do momento em que o Irão recusa que o seu urânio seja enriquecido na Rússia, fica claro quais são as suas intenções.

Mantenho que me parece que a Europa não pode continuar a adoptar uma posição passiva. Que irá acontecer quando recusar a entrada da Turquia?

Uma consequência que pudemos já assistir foi a subida da extrema-direita na Dinamarca, que de 13% passou para quase 20%(!). Isto no país que se orgulhava de ter as políticas de emigração mais liberais da Europa. Será este o caminho que a Europa quer seguir? A mim parece-me que se a Europa quer manter os seus valores, tem de ter uma política mais activa relativamente ao médio oriente até para mostrar o erro que foi a invasão americana. Como?...
Este aspecto não é muito falado em análises sobre o mundo muçulmano, mas por exemplo em relação ao Irão, é engraçado que em sondagens, não são os americanos que surgem como o povo odiado (só esta Administração).

Quem os Iranianos realmente odeiam são os seus antigo colonizadores, os britânicos, que no início do século 20 ganhou o dóminio do país, depois de disputas com a França e Russia, e principalmente porque lhes atribuem a responsabilidade pelo golpe de estado que fez cair Mohammed Mossadegh e fez voltar ao poder Shah Pahlavi...
Devido a legislação promulgada durante esta administração, foram impedidos de votar 5 milhões de pessoas que tinham estado presas, sendo a esmagadora maioria negra, que por coincidência teria votado em Kerry...

Isto num País supostamente “democrático” e “livre”...
Sobre a ineficácia dos Democratas em fazer uma oposição eficaz a esta Administração, o editorial do Times na Sexta-Feira analisava as despesas que esta Administração pretendia efectuar em defesa, que tem sido a mensagem com que os Republicanos têm conseguido manter-se no poder, ao acusar os democratas em não se preocuparem com a segurança dos americanos.

Pois bem, para perceber a hipcrisia da preocupação republicana, basta pensar que grande parte das despesas previstas não são para políticas efectivas, como aumentar o número de tropas no Iraque e Afeganistão, mas para comprar armas, a maior parte obsoletas, que seria um desperdício mesmo se durante o tempo de vida das novas armas surgisse outra superpotência mundial.

Seria interessante ver era a quem estas armas estão a ser compradas...
Na Segunda-Feira após o discurso perante o Congresso, Bush apresentou o seu orçamento de $2,77 triliões onde propôs um aumento de 6,9% em gastos militares, 1,3% em Segurança Nacional, ao mesmo tempo que propôs cortes de 2,3% na Saúde e Serviços Sociais e 3,8% em Educação. Mais extraordinário ainda, propôs que os cortes que efectuou nos impostos dos mais ricos fossem tornados permanentes (!) depois de já ter conseguido que o seu maior impacto só seja sentido depois de acabar o seu mandato.

Isto, convém lembrar ao mesmo tempo que prevê um deficit de $400 biliões depois de ter herdado de Clinton um orçamento excedentário.

Para mim uma das coisas que me mais me espanta é simplesmente uma coisa destas ser possível apresentar em público e não haver uma revolução. Imaginem o Sócrates a chegar ao Parlamento e dizer: “Vou cortar na saúde e educação, aumentar os gastos militares e quero que os cortes que efectuei nos impostos dos mais ricos e cuja maior fatia só vai ser sentida quando acabar o meu mandato, seja tornada permanente!”

Eu acho que excepto talvez no Reino Unido pós-Tachter e outras tentativas que se vão fazendo na Europa de Leste (por exemplo na Polónia) o eleitorado Europeu nem sequer concebe que um discurso destes seja possível!

Pois bem, não só é, como mais uma vez a oposição Democrata não consegue elaborar nada convincente.

Faço uma sugestão:

“Bush assassinou milhares de americanos, e fez com que mais ainda ficassem abaixo do nível de pobreza e sem acesso a serviço sociais mínimos só para continuar a favorecer os lóbbis militares e do petróleo”

Mas depois lembro-me que todas as pessoas afectadas são pobres e a maior parte pertence a minorias étnicas.

E isso aqui não funciona.

Na terça o Times publicou uma notícia a dizer que a política de recrutamento do exército ia começar agora a focar-se mais nos hispânicos...

Monday, February 06, 2006

be carefull with what you wish...

Talvez a situação até seja passível de ser denunciada. No entanto suponho que só me resta rir e passar a ter bastante mais atenção com o que escrevo aqui sob pena de, no mínimo ser mal interpretado.

Isto a propósito de às vezes ter a mania de ir ver de onde vêm as pessoas que visitam este blog e como me descobrem. Ora vejam lá como é que este me descobriu: aqui...:)


já agora foi de Portugal e o host name é: (193.126.36.244)

Sunday, February 05, 2006

Será mera coincidência que no momento em que o Hamas sobe ao poder e o Irão vai ser referido ao Conselho de Segurança da ONU, o mundo muçulmano organiza-se em protestos à escala global, queimando bandeiras e destruíndo embaixadas (já foram destruídas a da Dinamarca em Gaza e Beirute e a da Noruega em Gaza), por causa de cartoons publicados à 4 meses num jornal da Dinamarca?

Como me dizia alguém, como é que raio eles tinham tantas bandeiras da Dinamarca na Palestina?
Por acaso esta notícia não gerou a polémica aqui que porventura mereceria (o que diz imenso sobre o pragmatismo dos americanos relativamente a negócios) mas não pude deixar de sentir um certo desapontamento com o anúncio de que o novo motor de busca chinês do Google ia ser sujeite a censura, na mesma altura em que se recusou em fornecer dados pessoais dos utilizadores americanos ao Governo americano, embora este argumentasse que seria usados apenas na luta contra o terrorismo e pornografia infantil.

Por um lado concordo com os argumentos da empresa que relativamente à China, mais vale estar lá assim do que não estar, e que a partir do momento em que fornecesse dados ao governo americano perderia a mais valia do seu serviço.

Mas parece-me que no mínimo é uma contradição...
Uma lição importante de Democracia veio também a semana passada no Canadá. Primeiro foi o choque com a vitória de Stephen Harper, líder do partido conservador, economicamente liberal, céptico em relação ao acordo de Kyoto e a favor da invasão do Iraques pelos Norte-Americanos. Mas como salienta o NY Times, a sua ideologia não terá grande impacto na política interna e externa do País pois ao conseguir apenas 124 dos 308 lugares na House of Commons não lhe será possível acabar com o casamento homosexual ou o sistema nacional de saúde canadiano e já prometeu que não mandará tropas para o Iraque...uff!
Foi anunciada a semana passada a compra da Pixar pela Disney, os dois gigantes da animação. A primeira reacção que a notícia me merece é pensar que ao cabrão do Steven Jobs, já não lhe chegava a Apple, agora consegue sentar-se também no Conselho de Administração da Disney...:)

O que é que este movimento poderá representar do produção das empresas? Acho que não há que recear o fim da animação “manual” e a monopolização do 3D e a própria Pixar já veio serenar os ânimos. Como tem sido afirmado, o insucesso dos últimos filmes da Disney e sucesso da Pixar tinham mais a ver com a qualidade das histórias que com as animações. E neste aspecto penso que a Disney só terá a ganhar.

Saturday, February 04, 2006

The first lady of civil rights


“Coretta Scott King was a gracious and courageous woman, an inspiration to millions and one of the most influential civil rights leaders of our time,” Perdue said. “She was absolutely an anchor and support for her husband.”
Numa altura em que um líder religioso em Gaza diz que o mínimo que vão aceitar é que cortem as cabeças aos autores dos cartoons, e em vários países muçulmanos e Englaterra pedem que ao menos lhes cortem as mãos, e a administração americana já veio dizer que achava os cartoons ofensivos (lol...nestas coisas a Europa tem muito a aprender com estes gajos) eu acho que mesmo assim os principais culpados por estas situações tristes são os muçulmanos em geral, muito mais moderados, e que deixam que estes grupos de fundamentalistas fanáticos monopolizem a atenção pública e continuem a prejudicar gravemente a imagem do mundo muçulmano no Ocidente.
Numa altura em que se fala da China e da Índia, como as próximas superpotências, e a percepção dos pelo Estados Unidos é filtrada pelos actos da Administração Bush, um artigo no Times de ontem por David Brooks lembra o seguinte:

Os Estados Unidos surgem em primeiro lugar em termos de produtividade em praticamente todas as indústrias a nível mundial;

O seu investimento em Investigação e Tecnologia representa 40% do total mundial e mais do que a soma dos outros países do G-7.

Se em 1971, o PIB dos Estados Unidos representava 30,52 % do total mundial, mesmo com o crescimento do Japão, tigres asiáticos, China e ìndia, representa agora 30,74%, um valor superior,

Os Estados Unidos são o país do mundo que forma mais engenheiros e cientistas per capita;

Pelo menos 22 da 30 melhores universidade do mundo são americanas,
Depois da Nova Zelândia e Singapora são o país do mundo onde é mais fácil fazer negócio.
Depois da Filândia, são a economia mais competitiva do mundo.
Quando descobri Copenhaga quis ser dinamarquês. hoje finalmente consegui.

um dia vou para o MoMA com o meu bloco de desenho e caneta preta V7 e tento desenhar isto

Como o Lourenço, também sou dos que anseia por um Portugal mais “europeu, liberal, descomplexado, voltado definitivamente para o futuro” e também atribuo à “tralha socialista que se vem arrastando desde o 25 de Abril” grande parte da responsabilidade em impedir Portugal de se aproximar dos níveis europeus de qualidade de vida”.

Como várias vezes tenho escrito, isto deve-se ao facto da nossa revolução ter sido feita pela esquerda contra uma ditadura assente em valores normalmente identificados com a direita e que permitiu a instituição de direitos e deveres por parte do Estado, que protegem altamente uma parte da população (maioritariamente funcionários públicos e grandes empresários privados) e exclui tudo o resto que sustenta esta máquina com os impostos que pagam obtendo em retorno serviços públicos medíocres.

Esta lógica explica para mim o actual panorama partidário português:

- o PCP e Bloco de Esquerda conseguem juntos representar ainda 10 a 15% dos votos a nível nacional e percentagens ainda maiores a nível local com discursos ideologicamente quase de extrema esquerda, pois este discurso interessa aos lóbbis públicos originando a contradição de serem os partidos mais à esquerda a defender as corporações.

- por outro lado esta lógica origina a ausência de um discurso liberal a nível económico à direita, na medida em que os agentes que o defenderiam são aqueles que mais lucram com o actual peso do estado da economia portuguesa e como tal não lhes interessa que diminua. Ou seja, o cds é um partido originalmente centrista que a partir de manuel monteiro foi tomado por um conjunto de betinhos e que se deixou levar pelo interesse que Paulo portas suscitava (embora ninguém o levasse a sério) mas revoltou-se logo que pode ao eleger ribeiro e castro; e não existem diferenças substanciais entre o PSD e o PS.

No fundo, para mim a grande contradição é a de que para além de discursos inconsequentes a nível de políticas sociais, não existe direita em portugal, apesar de ser atribuído ao exagerado peso do estado e consequente falta de competitividade dos agentes privados, grande parte dos nossos problemas.Neste sentido até fico contente que pela primeira vez Portugal tenha um presidente de direita (embora só em portugal é que cavaco pode ser considerado de direita, mas enfim...). Eu considero-me de esquerda, mas em Portugal para o ser, é necessário que exista antes uma direita...

Thursday, February 02, 2006

Sobre a saída de cena de Sharon e a vitória do Hamas nas ultimas eleições palestinianas, lembro só que este era um momento fundamental na organização do sistema político de Israel, porque Sharon tinha acabado de sair do Likud e formar um novo partido Kadima mais centrista.

Apesar da insistências dos EUA e Europa, Abbas decidiu (bem a meu ver) convocar eleições para o que me pareceu, incluir o Hammas no Governo de forma a responsabilizá-lo. Nunca pensou é que este teria uma vitória tão esmagadora. Como é que foi possível? Na minha opinião, deve-se em primeiro lugar, com muitos comentadores têm salientado, à incompetência e corrupção do Fatah partido secularista à imenso tempo no poder e a um aspecto do Hammas que é pouco salientado dos serviços sociais que presta à população, devido ao ênfase dado no estrangeiro ao seu braço armado.

Mas parece-me também que esta vitória implica não uma viragem fundamentalista no Médio-Oriente como tem sido sugerido, mas a sua vinda à superficie, possibilitada pela intervenção americana no Iraque e que começa a ser latente noutros países como o Egipto e a própria Síria. Uma questão que não é abordada correctamente é o complexo de superioridade da religião islâmica e o facto de que o mundo àrabe nunca aceitou nem aceitará Israel. É claro que este nunca fez nada (antes pelo contrário) para construir relações positivas, e a sua legitimidade também é passível de discussão, mas parece-me a mim que esta vitória é representativa de uma ideologia latente que nunca é abordada quando se discute o problema.

O Hammas já disse que no máximo aceitará tréguas (nunca negociações) se Israel retirar para as fronteiras pré-1967 e este vai certamente eleger Netaniao (ou algo assim...) que fazia Sharon parecer um moderado. Bomba-relógio?

make love, not war

peço desculpa pelo mau gosto da imagem, mas após o presidente ter feito o seu "state of the union" anual perante o congresso não resisto a deixar esta sugestão a Bush...

Wednesday, February 01, 2006

Comem nas aulas, entram e saem quando querem e fazem as perguntas mais disparatadas possíveis. Mas se falamos para o lado, a aula inteira vira-se para trás com olhares discriminatórios.

Dão encontrões no metro e não pedem desculpa, mas dizem “God Bless You” a pessoas que não conhecem quando espirram e são extraordinariamente atenciosos se perguntamos direcções.

Não abrem nem seguram a porta a ninguém mas fazem fila mesmo se ainda faltar 20 minutos para o autocarro.
Para mim a melhor metáfora para descrever os Americanos é esta:

Quando estou a jogar basket, seja no playground ao pé de mim ou no pavilhão da universidade, qualquer pessoa com que jogue, por pior que seja é extraordinariamente competitiva e não aceita perder por nada, mesmo que seja obvio que não tem hipóteses. Não estou a exagerar: já me aconteceu estar a jogar com muidos de nove anos ou homens de 50 e é sempre igual, para eles o objectivo não é jogar basket mas sim ganhar.

Isto acontece-me (jogar com muidos de 9 anos ou homens de 50) porque outra coisa extraordinária aqui é que por mais competitivo que esteja a ser um jogo (e quase sempre são) qualquer pessoa que apareça e diga que quer jogar, por pior que seja, joga! Isto ao principio irritava-me imenso porque num jogo de 3 para 3 ou 2 para 2, jogar com alguém assim implicava uma mudança completa do ritmo do jogo.

Mas depois o mais extraordinário é que aqui isso não acontece. Já me aconteceu ter ficado irritado porque a equipa contraria, num jogo que estava a ser bastante competitivo, pôs a jogar um senhor com uns 60 anos, que tinha acabado o seu jogging e queria fazer um bocado de exercício antes de se ir embora. Quando começou a jogar, tornou-se obvio que não só nunca tinha jogado basket, com mal se conseguia mexer. O normal numa situação destas seria mostrar no minimo cortesia e respeitar isso. Qual que! Daí para a frente a minha equipa passou o tempo todo a tentar tirar vantagem da situação e a bola ia sempre para a pessoa que estava a ser defendida pelo senhor!

E agora que penso nisso, acho que faz muito mais sentido...
Sentados a conversar no pátio do Cielo. Cocktails no escuro, à luz das velas, escondidos dentro de uma restaurante japonês. Ideias para a casa na livraria do MoMA. Doces Italianos, musica cubana (pao pao!) e a melhor sangria de nova Iorque na Village. Ano Novo em Chinatown. Primeiro sushi, depois shashimi como desculpa para a seguir ir para os doces com vinho ao balcão numa loja branca. Direitos universais com Nabe sobre a melhor vista de Nova Iorque. À espera do por-do-sol na brooklyn bridge. A olhar para o tecto do Guggenheim. Fotos em Times Square a recordar Tóquio. A combinar onde vão a seguir.
Por aqui (não só em Portugal) também se passam coisas que terão implicações profundas no futuro do mundo.

Primeiro, e porventura o mais importante para os americanos, o Superbowl é este fim-de-semana! Confesso que à medida que vou aprendendo as regras, o meu interesse no jogo já não é meramente antropológico...ai

Segundo, o Kobe Bryant marcou 81 pontos num jogo! Shaquille quê?

Terceiro, Bernake vai tomar o lugar de Allan Greenspan na presidência do banco federal. Uma das razões porque o senhor conseguiu ficar tanto tempo no cargo e sobreviver a tantas administrações, foi o facto conseguir moldar sucessivamente as suas posições às ideologias dominantes. Como muitos, também tenho dúvidas relativamente ao seu mérito, nomeadamente a forma como geriu a bolha económica dos anos 90, a que actualmente existe no mercado da habitação e principalmente ter deixado esta administração endividar-se, depois de receber de Clinton um orçamento excedentário...Sobre bernake, para além dos seus méritos académicos (prof emerito em Princenton) muitas dúvidas existem sobre a sua falta de experiência em Wall Street. O futuro o dirá.

Quarto, vai ser também confirmado Samuel Allito para o supremo tribunal, substituindo a juiza Sandra O’Connor que se vai retirar. O’connor tinha um papel fundamental no tribunal, porque funcionava como “swing vote” e as suas posições moderadas permitiam um equilibrio ideologico nas decisões. Allito foi advisor de Reagan, enquanto estudava em Princeton pertenceu a um grupo que era contra a entrada de mulheres e minorias na universidade e no seu trabalho como advogado, defendeu que a constituição americana não defendia o aborto. O que achei mais piada durante as audiencias no congresso, em que os deputados o questionam, é o facto de ele poder excusar-se a responder sobre qual a sua posição ideologica sobre aborto, imigração, etc argumentando que o papel do juiz é meramente interpretar a lei quando ele é a pessoa cuja opinião sobre estes temas mais importa ouvir, ainda para mais sendo os juizes nomeados vitaliciamente. A minha sensação é a de que a moderação que ele se esforçou por passar é só fachada, e sua a eleição vai implicar uma profunda viragem à direita dos estados unidos tambem dos diplomas legais. Tenham medo, tenham muito medo!

Ontem Bush fez o seu “State of the Union” perante o congresso. Sinceramente o que mais me incomoda é a incompetência dos Democratas em dar uma contra-reposta effectiva. Só tenho um adjectivo: bananas!!!! Um aspecto que poderia ter sido positivo no discurso de Bush, foi ter salientado a dependencia energetica do pais no petroleo (America is addicted to oil) mas foi tudo desculpas para continuar a não assinar o acordo de kyoto e a consumir 25 da energia mundial, num pais que tem 6% da população. Uma prova foi ter dado como objectivo a redução da dependencia do petroleo vindo do medio-oriente em 75%. Esqueceu-se de dizer que a dependencia dos USA desta zona do mundo representa apenas 20% do total...
De volta à normalidade - como os prazos de entrega apertam, passo mais tempo ao computador, logo escrevo no blog...:) - Cavaco Silva é o Presidente da Républica portuguesa, Mário Soares ficou seis pontos atrás de Manuel Alegre, nevou em Évora e o Benfica perdeu 1-3 com o Sporting.
Estarei na realidade certa?