Tuesday, May 09, 2006

Nas ultimas semanas faleceram duas pessoas que influenciaram grandemente o meu pensamento: a jornalista e escritora Jane Jacobs e o professor de economia de Harvard Kenneth Gailbrath.

Descobri a Jane Jacobs e o seu “Death and Life of Great American Cities” no 4.º ano da faculdade na disciplina de construções pela mão do professor João Guterres. A sua leitura foi uma completa revelação e mostrou-me que arquitectura e o urbanismo eram muito mais do que uma questão de gosto, capricho e economia e não só tinham um poder transformativo, como também o potencial de influenciar positivamente a qualidade de vida das pessoas. Juntamente com as minhas viagens, ela é uma das principais razões pelo meu entusiasmo por cidades e pela experiência urbana.

Em muitos aspectos, Nova Iorque é a sua cidade. Não só estudou na Universidade de Columbia, como viveu em Greenwich Village (onde fica a White Horse Tavern da famosa fotografia a fumar um cigarro e a beber uma cerveja) e com o seu famoso activismo político enfrentou o todo-poderoso Robert Moses e conseguiu salvar a Christopher Street e Washington Square de serem arrasadas para ele poder passar mais uma das suas auto-estradas elevadas. A escala humana e diversidade de partes de Nova Iorque e de outras cidades um pouco por todo o mundo devem-se ao pensamento e activismo desta extraordinária personalidade.

De Kenneth Gailbriath li o seu famoso “The Affluent Society” de 1958 e nova edição escrita em 1996 “The Good Society” em que explica o modo como os Estados Unidos se transformaram de um País de quintas e oficinas num oligopólio de grandes corporações obcecadas com a produção de bens de consumo, e cuja necessidade de crescimento produziu toda uma cultura orientada para a expansão da procura interna e no processo transformou radicalmente o mundo em que vivemos e os nossos valores colectivos e individuais. Um aspecto que admiro especialmente na sua obra é a proposta sistemática de medidas baseadas na sua análise, contrariando a tendência académica de manutenção na “Ivory Tower”.

Não só antecipou o movimento ambientalista por uma década como chamou a atenção para a necessidade de formas de regulação sustentadas por fortes instituições colectivas de modo a guiar e compensar as deficiências e desequilíbrios produzidos pelo mercado. Principalmente foi um dos arquitectos principais dos programas da “Great Society” do Presidente Lyndon Jonhson.

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